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33 objets / 33 objetos

17h27, Didier e Flora refizeram a gravação do Godot. Mas ouvimos demais os passarinhos. Amanhã vamos ler os textos. Quer dizer reuní-los para a vigília. E ensaiá-los com os dançarinos e os tradutores. Essa tarde fizemos um « há ». Os pernilongos picam. Restam alguns dias antes da Vigília. A Flora destaca os objetos das pessoas para o filme. 17h50 Tudo é vermelho. O Didier ensaia. O motorista chegou. Discutimos. Contamos o que fazemos e o que haverá no palco do campo de futebol sábado a noite. Ele virá assistir o filme espetáculo. 17h58. Meia hora de estrada até o hotel. 18h Os dançarinos terminaram por hoje. O Howard está pronto para partir. O Charles machucou o pescoço dançando. Encontramos band-aids de arnica. O Didier trouxe imagens das pessoas do bairro falando citações. É muito emocionante. A Martine retoca o som das montagens. 18h04 Partimos.
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17H27, Didier et Flora ont refait l’enregistrement de Godot. Mais on entend trop les oiseaux. Demain donc on va faire les textes. C’est à dire les réunir pour la veillée. Et les répéter avec les danseurs et les traducteurs. Cet après midi on a fait un “il y a”. Les moustiques piquent. Restent quelques jours avant la Veillée. Flora détoure les objets des gens pour le film. 17h50 Tudo é vermelho. Didier répète. Le chauffeur est arrivé. On discute. On raconte ce qu’on fait et ce qu’il y aura sur la scène du terrain de football samedi soir. Il viendra assister au film spectacle. 17h58. Il y a une demi heure de route jusqu’à l’hôtel. 18h Les danseurs ont fini pour aujourd’hui. Howard est prêt à partir. Charles s’est fait mal au cou en dansant. On a trouvé des pansement d’arnica. Didier a ramené des images des gens du quartier qui disent des citations. C’est très émouvant. Martine peaufine le son des montages. 18h04 On rentre.

il y a / Há

Há as Senhoras do tempo no pátio, que cantam e dançam. Há o inverno muito quente. Há o verão em pleno inverno. Há as balas do Marco, de menta e de café. Há os dicionários franco-português em todas as mesas. Há os cantos das igrejas que dão ritmo aos dias. Há o Didier e o Paco nas ruas, que fazer um monte de citações. Há a ilha. Há a areia que levanta com a bola no campo de futebol. Há os cavalos no campo verde, e na beira do rio galinhas. Há o Guy e a Martine que trabalharam este final de semana. Há a errância. Há a Cida que nos guia, e Marie-José, e Veridiane. Há uma sinfonia de vozes de crianças, e as vans. Há as piadas do Didier. Há a fada feijoada, há o Olivier que chegou, faz tempo, e o Pierre. Há os Pés-de-Moleque. Há o Zé. Hpa os dois campos e os dois times de futebol. Há a Eva e seu nariz de palhaço. Há as cores magníficas. Há as cores incríveis. Sobre o azul, sobre o rosa. O momento mais bonito, logo antes das cinco horas. Em Belo Horizonte.
Há as pinturas nos muros. Há a música da van, cotidiana. Há as traduções, os tradutores, o Marco, a Marisa, e lá longe, em São Paulo, o Paulo. Há a previsão do tempo do Guy. Há as oficinas, espalhadas no bairro. Há os levantar de manhã. Há uma rachadura na parede.
Há as subidas e descidas, e as subidas e descidas. As Vígilias é um pouco de Bergmann.
Fazemos um .
Há as danças e os dançarinos. Marise, Mascote, Fábio, Esther, Charles. Há o Howard, super-Howard, maxi-Howard. Há um técnico de televisão. Há um cachorrinho preto no centro cultural, uma grande mangueira e balas nos cantos escuros. Há as crianças que fazem hip-hop. Há aqueles que vêm nos ver, Matteus, Alex. Há o guarda, e sua calma. Há Flora no documentário e Jérémie na ficção. Há o Alberto que tem noventa e seis anos e que fala francês. Há o Didier que faz compras nas lojas do bairro. Há todas essas pessoas que deveríamos ter entrevistado. Há o Ademilson que trabalha na usina e que faz teatro.
Há a toalha das refeições. Há o tempo que passa rápido. Um dia por vez. Dia a dia. Há um projeto de museu de arte popular, no bairro. Há as vontades e as idéias. Há o sonho de uma sala de informática. Mestre conga que canta o tempo todo. Há o prazer de estar aqui.

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Il y a les Senhoras do tempo dans la cour, qui chantent et dansent. Il y a l’hiver très chaud. Il y a l’été en plein hiver. Il y a les bonbons de Marco, à la menthe et au café. Il y a des dictionnaires franco-portugais sur toutes les tables. Il y a les chants des églises qui rythment les journées. Il y a Didier et Paco dans les rues, qui font le plein de citations. Il y a l’île. Il y a du sable soulevé par le ballon sur le terrain de foot. Il y a des chevaux sur le campo verde, et au bord de la rivière des poules. Il y a Guy et Martine qui ont travaillé ce week end. Il y a l’errance. Il y a Cida qui nous guide, et Marie-José, et Veridiane. Il y a une symphonie de voix d’enfants, et les minibus. Il y a les blagues de Didier. Il y a la fée joada, il y a Olivier qui est arrivé, il y a longtemps, et Pierre. Il y a les Pé-de-Moleque. Il y a Zé. Il y a les deux terrains et les deux clubs de foot. il y a Eva et son nez de clown. Il y a des couleurs magnifiques. Les couleurs incroyables. Sur le bleu, sur le rose. Le moment le plus beau, juste avant cinq heures. A Belo Horizonte.
Il y a les peintures sur les murs. Il y a la musique du minibus, quotidienne. Il y a les traductions, les traducteurs, Marco, Marisa, et loin là-bas, à Sao Paulo, Paulo. Il ya la météo de Guy. Il y a les officines, disséminées dans le quartier. Il y a les levers matinaux. Il y a une fissure sur le mur.
Il y a les montées et les descentes, et les montées et les descentes. Les veillées c’est un peu du Bergmann.
Fazemos um Il y a.
Il y a les danses et les danseurs. Marise, Mascote, Fabio, Esther, Charles. Il y a Howard, super-Howard, maxi-Howard. Il y a un réparateur de télé. Il y a un petit chien noir dans le centre culturel, un grand manguier et des bonbons dans les coins sombres. Il y a les enfants qui font du hip hop. Il y a ceux qui viennent nous voir, Matteus, Alex. Il y a le gardien, et son calme. Il y a Flora dans le documentaire et Jérémie dans la fiction. Il y a Alberto qui a quatre vingt seize ans, et qui parle français. Il y a Didier qui a fait le tour des magasins du quartier. Il y a tout ces gens qu’on aurait dû interviewer. Il y a Ademilson qui travaillait à l’usine et qui fait du théâtre.
Il y a la nappe des repas. Il y a le temps qui passe vite. Un jour à la fois. Dia a dia. Il y a un projet de musée d’art populaire, dans le quartier. Il y a des envies et des idées. Il y a le rêve d’une salle d’informatique. Mestre conga qui chante tout le temps. Il y a le plaisir d’être là.

technicien-magicien / técnico-mágico

Fizemos uma pausa de dois dias. Domingo e segunda. E aqui estamos de volta ao bairro, prontos para voltar às ruas, ao encontro das pessoas.
Essa manhã começamos os retratos-citação, bem na frente do centro cultural. Revimos um monte de gente que tínhamos encontrado indo de porta em porta.
Faz muito calor, este inverno. Ainda rimos com a idéia de que é inverno aqui, mesmo fazendo tão quente quanto o nosso verão.
Pierrot, nosso técnico-mágico, acaba de chegar, após um longo périplo. Ele já vai ver o campo de futebol e a Arena do Centro de Cultural Lagoa do Nado.

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On a fait une pause de deux jours. Dimanche et lundi. Et nous revoilà sur le quartier, prêts à retourner dans les rues, à la rencontre des gens.
Ce matin on a commencé par les portraits-citation, juste devant le centre culturel. On a revu plein de gens qu’on avait déjà rencontré au porte à porte.
Il fait très chaud, cet hiver. On s’amuse encore de l’idée que c’est l’hiver, ici, alors qu’il fait aussi chaud, largement aussi chaud que l’été chez nous.
Pierrot, notre technicien-magicien, vient d’arriver, après un long périple. Il va déjà voir le terrain de foot, et puis l’Arena do Centro de Cultura Lagoa do Nado.

Godot, Roi Lear, Oedipe… / Godot, Rei Lear, Édipo…

Hoje Didier e Paco, Flora e Jérémie, Flábio, Marisa, Marise, Mascote, Charles, Esther, Howard vão andar e dançar no bairro como erantes magníficos. Dançar, buscar citações. Fazer pessoas dizerem citações. Organizar pequenos filmes com citações. O dia todo. De um lugar ao outro. De uma rua a outra. De uma calçada a outra, vamos falar com as pessoas e lhes pedir uma participação. Fazer dizerem frases como uma ficção para o filme. Esses dias, cuidamos da ficção. As entrevistas estão na montagem. Nas Vigílias, o Dider faz documentário e ficção. O Jérémie cuida da ficção. A Martine, o Guy e a Flora se devotam aos documentários. O Howard e os dançarinos à ficção. Sempre.
No bairro. Apegar-se a destacar tudo o que contém riqueza sensível na experiência das pessoas. Operar com interferências. Primeiro entre o documentário e a ficção. Interferência na relação entre documentário e ficção, entre a estética e o social. Fazer uma reversão de posições. Os heróis do filme espetáculo – que chamamos de Vigílias e que construímos com as pessoas – são senhores, os reis Lear, Édipo ou Antígona ou Vladimir, Estragon, personagens de Beckett. São os moradores do bairro. Como na citação a arte é o que faz a vida mais bonita do que a arte, vamos dizer de outra forma que a arte está em déficit em relação à riqueza de experiências de que devemos dar conta.

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Aujourd’hui Didier et Paco, Flora et Jérémie, Flavio, Marisa, et Marise, Mascote, Charles, Esther, Howard vont marcher et danser dans le quartier comme des errants magnifiques. Faire de la danse, chercher des citations. Faire dire des citations. Organiser des petits films avec citations. Toute la journée. D’un endroit à un autre. D’une rue à une autre. D’un trottoir à l’autre, on va s’adresser aux gens et leur demander une participation. Faire dire des phrases comme une fiction pour le film. On s’occupe de la fiction ces jours ci. Les interviews sont au montage. Sur les Veillées Didier fait du documentaire et de la fiction. Jérémie se consacre à la fiction. Martine, Guy et Flora se vouent aux documentaires. Howard et les danseurs à la fiction . Toujours.
Dans le quartier. S’attacher à mettre en valeur tout ce qui est contenu de richesse sensible dans l’expérience des gens. Opérer des brouillages. D’abord entre le documentaire et la fiction. Brouillage dans le rapport du documentaire et de la fiction, entre l’esthétique et le social. Effectuer un renversement de positions. Les héros du film spectacle – qu’on appelle les Veillées et qu’on construit avec les gens – sont des seigneurs, les roi Lear, Œdipe ou Antigone ou Vladimir, Estragon, personnages de Beckett . Ce sont les habitants du quartier. Comme dans la citation l’art c’est ce qui rend la vie plus belle que l’art on va dire d’une autre manière que l’art est en déficit par rapport à la richesse d’expérience dont il s’agit de rendre compte.

l'homme-cheval et la femme-crapaud / o homem-cavalo e a mulher-sapo

Fomos numa bolha de plantas. Encontramos a Priscila, o Alberto e suas obras de arte. E dividimos um pouco a paixão deles pelo que é belo, ao redor do mundo, e pelas artes e tradições populares daqui. As jarras, de barro, do norte de Minas Gerais, que representam personagens, e as estatuetas da vida cotidiana, um ladrão de galinhas, um casamento, uma pequena casa, um batizado, e quimeras, a mulher-sapo, o homem-cavalo, e as figuras religiosas, cenas do novo testamento e de crenças populares. Estamos na casa do barro, onde antigamente eram feitos os tijolos e as telhas, portanto, evidentemente, toda de tijolo e telha, ocre-vermelha, tão bonita, cercada de árvores como não se pode imaginar. E debaixo das árvores, os dançarinos fizeram o quinteto. E debaixo da árvore de canela, fizeram o adage.
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On est allé dans une bulle de verdure. On a rencontré Priscila, Alberto et leurs œuvres d’art. Et on a partagé un peu leur passion pour ce qui est beau, tout autour du monde, et pour les arts et traditions populaires d’ici. Les pots à eau, en terre, du nord du Minas Gerais, qui représentent des personnages, et puis les statuettes de la vie quotidienne, un voleur de poules, un mariage, une petite maison, un baptême, et des chimères, la femme-crapaud, l’homme-cheval, et puis les figurines religieuses, scènes du nouveau testament ou de croyances populaires. On est dans la maison de la terre, où autrefois se faisaient les briques et les tuiles, alors, forcément, toute de briques et de tuiles vêtue, ocre-rouge, si belle, sertie d’arbres comme on imagine pas. Et sous les arbres les danseurs ont fait le quintet. Et sous l’arbre à cannelle, ils ont fait l’adage.