Marco Llubos

O Guy falou com o Marco Llobus do candomblé, a magia animista, as crenças populares.
Aqui, no centro cultural, há um grande tolerância para com todas as crenças. A diretora é protestante. Os locais são protegidos, purificados por um feiticeiro indígena, e pela presença das crianças. Onde as crianças vivem, não há maus espíritos, pois as crianças carregam uma energia positiva. Onde não há crianças, nos cantos mais sombrios, é preciso jogar balas, para as crianças irem até lá e afastarem os maus espíritos.

Eles falaram das atividades do centro cultural, do impacto que as atividades têm sobre as populações do bairro. O poder político não se dá conta disto. Os centros culturais de modo geral sofrem com as reviravoltas políticas.
Um centro cultural, é um local para todos. Muitas pessoas não sabem disso.

Marco Llobus é muito ativo, ele escreve e recita poesia, cuida de um grupo de rap e ensina aos artistas locais como montar um projeto. Ele diz o centro cultural, é minha vida.
Eles diz várias belas frases:

O sonho individualista está morto, o sonho coletivo está sempre presente.

A arte hoje, não é um luxo, é uma necessidade.

A arte é como a raiva, ela precisa sair. Aquele que não se exprime morre pouco a pouco.

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Guy a parlé avec Marco Llobus du camdonblé, la magie animiste, les croyances populaires.
Ici, au centre culturel, il y a une grande tolérance pour toutes les croyances. La directrice est protestante. Les lieux sont protégés, purifiés par un sorcier indien, et puis, par la présence des enfants. Là où les enfants vivent, il n’y a pas de mauvais esprit, parce que les enfants portent une énergie positive. Là où il n’y a pas d’enfants, dans les coins ombrageux, il faut jeter des bonbons, pour que les enfants y viennent et qu’ils repoussent les mauvais esprits.

Ils ont parlé des activités du centre culturel, de l’impact que les activités ont sur les populations du quartier. Le pouvoir politique ne se rend pas compte de ça. Les centres culturels en général souffrent des revirement politiques.
Un centre culturel, c’est un lieu pour tout le monde. Il y a plein de gens qui ne le savent pas.

Marco Llobus est très actif, il écrit et expose de la poésie, il s’occupe d’un groupe de rap et il apprend aux artistes locaux comment on monte un projet. Il dit le centre culturel, c’est ma vie.
Et puis il a dit plusieurs belles phrases :

Le rêve individualiste est mort, le rêve collectif est toujours présent.

L’art aujourd’hui, ce n’est pas un luxe, c’est une nécessité.

L’art c’est comme la rage, il faut que ça sorte. Celui qui ne s’exprime pas meurt peu à peu.

le chapelet de sourires / uma sucessão de sorrisos

Passeando, ontem a tarde, com a Cida, na Ilha, encontramos em um monte de gente. A Cida conhece muita gente e conhece cada ruazinha e cada canto. Nós, seguimos de surpresa em surpresa. Elas são tão bonitas essas ruazinhas, e a praça que parece uma praça italiana, onde as crianças brincam, e a ruazinha em zigue-zague onde uma menininha nos leva para fazermos seu retrato, um zigue-zague que termina alto acima do rio, de onde vemos São Bernardo todo.
Fazemos um círculo da ponte até a ponte. Subimos a rua do cyber café. Rua que segue o aeroporto com seu muro pintado e furado. A praça italiana. As ruazinhas. O rio. O campo de futebol. O rio com o outro campo de futebol bem na frente. A ponte.
Em todos esses encontros, em cada etapa. Este senhor que propõe espontâneamente de nos abrir sua casa, para filmar da sua varanda. A senhora que faz o retrato para sua irmã chega e nos leva para outro lugar, em direção à passarela, uma sucessão de sorrisos, passamos de um ao outro com, em todos os lugares, uma recepção curiosa e carinhosa.

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En se promenant, hier après-midi, avec Cida, dans l’île, on a rencontré plein de monde. Cida connaît beaucoup de gens et elle connaît chaque ruelle et chaque recoin. Nous, on va de surprise en surprise. Elles sont ci-belles les petites ruelles, et la place qui a l’air d’une place italienne, où les enfants jouent, et la ruelle zigzaguante où une petite fille nous emmène pour faire son portrait, un zigzag qui débouche en hauteur au dessus de la rivière et où l’on voit tout São Bernardo.
On fait une boucle du pont au pont. Monter la rue du cyber café. Rue qui longe l’aéroport avec son mur peint et troué. La place italienne. Les ruelles. La rivière. Le terrain de foot. La rivière avec l’autre terrain de foot juste en face. Le pont.
En toutes ces rencontres, à chaque étape. Ce monsieur qui nous propose spontanément de nous ouvrir sa maison, pour filmer depuis sa terrasse. La dame qui fait le portrait puis sa sœur arrive et nous emmène ailleurs, vers la passerelle, un chapelet de sourires, on passe de l’un à l’autre avec partout un accueil curieux et chaleureux.

Dona Amélia

Terceiro dia no bairro. Flora e Jérémie percorreram o bairro, batendo de porta em porta. O Howard reuniu os dançarinos na grande sala do centro cultural que é o ponto central, o ponto de encontro dos moradores do bairro. Onde se tomam as decisões sobre a organização e o equipamento desta parte da cidade. Após discussão com os moradores e as associações. Ontem encontramos um monte de pessoas para uma pequena discussão. Dona Amélia milita no bairro há dezenas de anos. Políticamente, humanamente, o encontro foi muito forte, muito enriquecedor. Dona Amélia conhece toda a história do bairro. Ela lutou toda sua vida para melhorar a vida dos moradores daqui. Como um símbolo, ela lutou para que os ônibus da cidade fossem até o bairro, para que todos possam usufruir do transporte público e ligar essa parte da cidade ao centro da cidade. Hoje, tem um ponto de ônibus bem na frente da casa dela, perto da praça onde ficava o antigo centro cultural.
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Troisième jour sur le quartier. Flora et Jérémie ont parcouru le quartier, de porte en porte. Howard a réuni les danseurs dans la grand salle du centre culturel qui est le point central, le point de rencontre des habitants du bairro. Là où se prennent les décisions concernant l’aménagement et l’équipement de cette partie de la ville. Après concertation avec les habitants et les associations. Hier on a rencontré plein de gens pour une petite discussion. Dona Amélia milite sur le quartier depuis des dizaines d’années. Politiquement, humainement la rencontre a été très forte, très enrichissante. Dona Amélia connaît toute l’histoire du quartier. Elle s’est battue toute sa vie pour améliorer la vie des habitants d’ici. Comme un symbole, elle s’est battue pour que les bus de ville aillent jusqu’au quartier, pour que chacun puisse profiter des transports publics et relier cette partie de la ville au centre ville. Aujourd’hui, il y a un arrêt de bus presqu’en face de chez elle, près de la place où se trouvait l’ancien centre culturel.

ce soir / essa noite

Essa noite encontramos Guigua que é de uma grande família de músicos do interior de Minas Gerais e toca desde pequena. Para melhor conhecer sua música, ela estudou a musicologia e a filosofia de Deleuze e Guattari. Hoje ele é artista educador e toca e trabalha em todo o estado de Minas Gerais. Ele nos falou do Choro, uma música cheia de nostalgia que ele toca desde sempre e que é transmitida oralmente de geração em geração desde sempre no Brasil. Ele nos contou como o Fernando, como o bairro e a periferia de modo geral acolheu ao longo dos anos artistas, grandes artesãos, em muitos âmbitos da arte e do artesanato. Pessoas como os especialistas do Choro vieram instalar-se no coração dos bairros de Belo Horizonte. Pessoas como guigua retomaram a bandeira e asseguram a transmissão de seus saberes, que são a identidade de toda uma população. É graças a eles que tudo isso pode continuar existindo. Em meio a tudo o que faz a riqueza das periferias: a imensa diversidade das culturas e a influência de uma sobre a outra. O que permite a cada uma de evoluir e se desenvolver. Viver. O Choro é uma música muito peculiar à Minas Gerais, mesmo ela sendo originária da região do Rio. Guigué toca o choro nos bailes do bairro e diz que muitos amores nasceram nos bares e nas boates ao som do Choro… Ele diz também que devido ao êxodo rural que o Brasil conhece há dezenas de anos, muitas práticas artísticas e culturais específicas desapareceram porque as pessoas se instalaram em lugares onde não puderam comunicar seu saber, que se perdeu ao longo dos anos.
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Ce soir on a rencontré Guigua qui est d’une grande famille de musiciens de la campagne du Minas Gerais et joue de la musique depuis tout petit. Pour mieux connaître sa musique il a étudié la musicologie et la philosophie de Deleuze et Guattari. Aujourd’hui il est artiste éducateur et joue et travaille dans tout l’état du Minas Gerais. Il nous a parlé du Choro qui est une musique emplie de nostalgie qu’il interprète depuis toujours et qui s’est transmise oralement de génération en génération depuis toujours au Brésil. Il nous a raconté comme Fernando combien le quartier et la périphérie en général ont accueillis au fil des ans des artistes, des grands artisans, dans beaucoup de domaines de l’art et de l’artisanat . Des gens comme des spécialistes du Choro sont venus s’installer au cœur des quartiers de Belo Horizonte. Des gens comme Guigua ont repris le flambeau et assurent la transmission de ces savoir faire, qui sont l’identité de toute une population. C’est grâce à eux que tout cela peut continuer d’exister. Au milieu de tout ce qui fait la richesse des périphéries : l’immense diversité des cultures et l’influence des unes sur les autres. Ce qui permet à chacune d’évoluer, se développer. Vivre . Le Choro est une musique très particulière au Minas Gerais, même si elle trouve son origine dans la région de Rio. Guigué joue le choro dans les bals de quartier et il dit que bien des amours sont nés dans les bars et les boîtes sur la musique du choro… Il dit aussi qu’à cause de l’exode rural que le Brésil a connu depuis des dizaines d’année, beaucoup de pratiques artistiques et culturelles spécifiques ont disparu parce que les gens se sont installés dans des endroits où ils n’ont pas pu communiquer leur savoir qui s’est perdu au fil des ans.

ce matin / essa manhã

Essa manhã encontramos o Fernando que está à frente da fundação do Centro Cultural do bairro de São Bernardo. O Fernando diretor de teatro. Ele trabalha principalmente com teatro nos bairros populares. Ele diz que a vanguarda artística nasce nas zonas periféricas. Ele trabalha muito com cultura popular e gere vários ateliês. Ele participa de diversas atividades de criação e pesquisa que ocorrem no centro. Ele organiza noites literárias nos bistrôs de São Bernardo. Ele propõe textos poéticos que são recitados ao som de funk interpretado pelos moradores do bairro. Ele diz no Brasil, quando espirramos, falamos « saúde ». Ele diz eu criei uma prescrição artística. Ele trabalha há vinte anos no bairro. Ele trabalha com vários grupos de jovens que ele introduz ao mundo do teatro. Ele nos falou longamente do Nelson Rodriguez. Ele diz é o maior autor de teatro do Brasil. Ele diz também que é a carticatura da periferia. Doreen Vasseur, da companhia da Fiancée em Lille, no norte da França, dirigiu um texto de Nelson Rodriguez. No 11/19 em Loos em Gohelle. Nos lembramos como foi impressionante.
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Ce matin on a rencontré Fernando qui est à l’initiative de la fondation du Centre Culturel du quartier São Bernardo. Fernando est metteur en scène de théâtre. Il fait principalement du théâtre dans les quartiers populaires. Il dit que l’avant garde artistique naît dans les zones périphériques. Il travaille beaucoup sur la culture populaire et anime de nombreux ateliers. Il participe à de nombreuses activités de création et de recherche qui ont lieu au centre. Il organise des soirées littéraires dans les bistrots de São Bernardo. Il propose des textes poétiques qui sont dits sur de la musique funk interprétée par des habitants du bairro. Il dit au Brésil quand on éternue on dit « santé ». Il dit j’ai créé une ordonnance artistique. Il travaille depuis vingt ans dans le quartier. Il travaille avec de nombreux groupes de jeunes à qui il donne le goût du théâtre. Il nous a longuement parlé de Nelson Rodriguez. Il dit c’est le plus grand auteur du théâtre du Brésil. Il dit aussi que c’est le visage craché de la périphérie. Doreen Vasseur de la compagnie de la Fiancée à Lille dans le nord de la France a mis en scène un texte de Nelson Rodriguez. Au 11/19 à Loos en Gohelle. On se souvient combien c’était impressionnant.