place de la solidarité / praça da solidariedade

A Adélia nos levou até a praça da solidariedade. É aqui que havia antigamente um comissariado, que foi em seguida uma venda de bebidas e depois um centro cultural até 2004. Agora, é uma praça. O terminal de ônibus de Belo Horizonte. O centro cultural mudou para um pouco mais longe, ele é maior, mais equipado.

Enquanto isso, o Didier e a Martine encontraram a Marilsa. Ela trabalha com patrimônio intangível, com crianças, idosos. Valorizar as pessoas pelas suas memórias. Fazer a pergunta das histórias, da história. Atualmente, ela trabalha em um projeto de coleta de jogos antigos, de receitas de avós, de músicas, etc.
Ela coleta e transmete aos mais jovens. Uma corrente de transmissão, revezamento.

==========================================
Adélia nous a emmené jusqu’à la place de la solidarité. C’est ici qu’il y avait autrefois un commissariat, qui a été ensuite un débit de boisson, puis un centre culturel jusqu’en 2004. Maintenant, c’est un place. Le terminus des bus de Belo Horizonte. Le centre culturel s’est déplacé un peu plus loin, il est plus grand, et mieux équipé.

Pendant ce temps, Didier et Martine ont rencontré Marilsa. Elle travaille sur le patrimoine immatériel, avec des enfants, des personnes âgées. Valoriser les gens par leur mémoire. Se poser la question des histoires, de l’histoire. En ce moment, elle travaille sur un projet de récolte des jeux anciens, de recettes de grand-mères, de chansons…etc.
Elle récolte et elle transmet aux plus jeunes. La courroie de transmission.

plus d'une heure / mais de uma hora

Passeio no bairro hoje de manhã. Bater de porta em porta para os retratos no batente da porta, e recolher fotos de objetos. Estávamos acompanhados pela Adélia e pela Marisa.
Demoramos mais de uma hora para fazer toda a primeira rua, de tão bem que as pessoas reagem e aceitam participar

==========================================
Promenade dans le quartier ce matin. Porte à porte pour les portraits sur le pas de la porte, et puis récolte de photos d’objets.
On était accompagné d’Adélia et de Marisa.
On a mis plus d’une heure pour faire la toute première rue, tellement les gens réagissent bien, et acceptent de participer.

la Ilha / a Ilha

Mal tínhamos saído da reunião e a Cida quis nos levar ali ao lado, do outro lado da rua, ao lado do campo de futebol, para ver jovens que fazem grafitis nos muros do vestiário. Justo o tempo de reengatarmos no português, de nos acostumarmos ao sotaque daqui. Ela nos falou um pouco da Ilha, um bairro dentro do bairro, cercado de todos os lados pela água e pelo aeroporto, um pouco mais pobre do que o resto de São Bernardo, e que acaba sendo muito isolado. Ninguém vai lá. A Cida insistiu para que não esquecêssemos seu bairro. É ali que ela vive, e ela sabe muito bem que as pessoas de São Bernardo têm medo de ir para lá. Iremos lá, amanhã a tarde, com ela como guia.
==========================================
On était à peine sortis de la réunion que Cida a voulu nous emmener tout près, de l’autre côté de la rue, à côté du terrain de foot, pour voir des jeunes qui font des graffs sur les murs du vestiaire. Juste le temps de remettre notre portugais en route, de nous faire à l’accent d’ici. Elle nous a parlé un peu de l’île, A Ilha, un quartier dans le quartier, coupé de tout par le cour d’eau et l’aéroport, un peu plus pauvre que l’ensemble de São Bernardo, et qui du coup est très isolé. Personne n’y va. Cida insiste pour qu’on oublie pas son quartier. C’est là qu’elle vit, et elle sait bien que les gens de São Bernardo ont peur d’y aller. On ira, demain après midi, avec elle comme guide.

Belo Horizonte – São Bernardo : Jour 1 / Belo Horizonte – São Bernardo: Dia 1

Chegamos em Belo Horizonte. Sábado. Recebidos no aeroporto pelo Paco.
O Paco mora no Brasil há muito tempo, e em Belo Horizonte há vinte anos. Ele exerce aqui várias atividades. Produção, rádio, uma boate, etc. No Brasil, diz ele, você tem sempre que se virar, ter portas de escape, uma coisa para compensar a outra, nunca se sabe.
Visitamos um pouco a cidade no domingo. A feira de artesanato, o parque municipal.
Belo Horizonte merece seu nome. É muito montanhoso, o que faz com que ao estarmos no topo de uma colina, enxergamos muito longe. A cidade é bonita e verde.
Chegamos essa manhã ao bairro de São Bernardo, recebidos no Centro Cultural.
Aqui, todos os equipamentos coletivos – escola, centro cultural, comissariado e outros – foram escolhidos e decididos pela população. É uma especificidade de Minas Gerais, chama-se OP, Orçamento Participativo. É um dinheiro que é dado a cada comunidade, e é ela que decide como usá-lo, que decide se precisa de um posto de saúde, de equipamento esportivo ou de outra coisa… Desde que o OP foi implementado, o vandalismo e os roubos diminuíram consideravelmente. A separação entre o institucional e os locais de convívio comunitário diminui. Foi possível unir os dois.

A Martine está doente há dois dias. Ela ficou no hotel para descansar. E a Sandrine também, ela que, por sua vez, não pode pegar o avião e ficou presa em São Paulo.
O Olivier chegou domingo para nos acompanhar aqui, nesta Vigília.
Encontramos os tradutores, Marco e Marisa, e a equipe de produção, Tina e Eva.
No centro cultural, essa tarde, tivemos uma reunião com um monte de gente do bairro. Os líderes da comunidade. Aqueles que trabalham para a coletividade, que fazem projetos ou simplesmente são presentes e ajudam naquilo que é feito: Amália, Cláudio, Fernando, Adelita, Luiz, Marco, Clidson, Adriana, Mônica, Cida, Bruno, Veridiane, Daniel, Célio, Guegue, Fritas, Maria Luísa… Entre eles, há muitos artistas, artistas de teatro, músicos.
E também, essa noite, encontramos sete dançarinos, mas apenas cinco trabalharão conosco. São a programação e as disponibilidades que decidirão.

De toda forma, estamos ansiosos para começar. Os encontros estão marcados e vamos, desde amanhã, começar a bater nas portas no bairro.

==========================================
On est arrivé à Belo Horizonte. Samedi. Accueillis à l’aéroport par Paco.
Paco vit au Brésil depuis bien longtemps, et à Belo Horizonte depuis vingt ans. Il a ici plusieurs activités. De la prod, de la radio, une boite de nuit, etc. Au Brésil, il dit, il faut toujours se débrouiller, avoir des portes de sortie, une chose pour rattraper l’autre, au cas où.
On a visité un peu la ville dimanche. Le marché artisanal, le parc municipal.
Belo Horizonte porte bien son nom. C’est très vallonné, ce qui fait que lorsqu’on est en haut d’une colline, on voit loin. La ville est belle et verte.
On est arrivé ce matin au quartier São Bernardo, accueillis au Centre Culturel.
Ici, tous les équipements collectifs – école, centre culturel, commissariat et autres – ont été choisis et décidés par la population. C’est une spécificité du Minas Gerais, ça s’appelle l’OP, Orçamento Participativo, le budget participatif. C’est une enveloppe qui est accordée à chaque communauté, et c’est la communauté qui décide à quoi cela va servir, qui décide s’il y a besoin d’un dispensaire, d’un équipement sportif, ou d’autre chose… Depuis que l’OP a été mis en place, le vandalisme et les vols ont considérablement diminués. Ça a amoindri la fracture entre l’institutionnel et les lieux de vie communautaires. Ça a permis de fusionner les deux.

Martine est malade depuis deux jours. Elle est restée à l’hôtel pour se reposer. Et Sandrine aussi, qui, du coup, ne peut pas prendre l’avion et reste bloquée à Sao Paulo.
Olivier est arrivé dimanche pour nous suivre ici, sur cette veillée là.
On a rencontré les traducteurs, Marco et Marisa, et puis la production, Tina, et Eva.
Au centre culturel, cet après-midi, il y avait une réunion avec plein de gens du quartier. Les líderes da communidade. Ceux qui font des choses pour la collectivité, ceux qui portent des projets ou tout simplement sont présents et aident à ce qui se fait : Amália, Cláudio, Fernando, Adelita, Luiz, Marco, Clidson, Adriana, Mônica, Cida, Bruno, Veridiane, Daniel, Célio, Guegue, Fritas, Maria Luísa… Parmi eux, il y a beaucoup d’artistes, des comédiens, des musiciens.
Et puis aussi, ce soir, on a rencontré sept danseurs, mais seuls cinq travailleront avec nous. C’est les emplois du temps et les disponibilités qui décideront.

En tous cas, on est impatients de commencer. Les rendez-vous sont pris, et on va, dès demain, aller frapper aux portes du quartier.