tout ceux qui changent le monde / todos aqueles que mudam o mundo

Ele se chama Ademilson. Nós o vemos muito no Centro Cultural, estudando. Ele estava no curso da Adriana, sobre cultura africana.
Ele veio ontem nos mostrar o chapéu com o qual ele interpreta Shakespeare. O chapéu de louco, de bufão.
Ele retomou seus estudos depois de sua demissão. Ele trabalhava em uma usina têxtil e foi demitido em março, por causa da crise.
Desde então ele estuda informática e volta ao teatro.
Ele faz parte destas pessoas, sem dúvida muito numerosas, que não temos tempo de entrevistar, com muito pesar. Como hoje de manhã, no Centro Cultural, onde passaram um membro do Grupo Oficcina Multimédia e um dos iniciadores dos projetos de memória viva. Sabemos, em cada Vigília, que deixamos de lado muitas pessoas formidáveis, mas como fazer tudo, e em todos os lugares? Encontramos um monte de pessoas maravilhosas, e perdemos outras. Aquece o coração pensar que as pessoas que encontramos, tão generosas, tão engajadas, tão combativas, são apenas uma parte ínfima de todos aqueles que lutam cotidianamente, de todos aqueles que mudam o mundo, que mudam a vida, aqui, em São Bernardo, e em todos os outros lugares.

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Il s’appelle Ademilson. On le voit souvent au Centre Culturel, en train d’étudier. Il était au cours d’Adriana, sur la culture africaine.
Il est venu hier nous montrer le chapeau avec lequel il joue Shakespeare. Le chapeau de fou, de bouffon.
Il a repris ses études après son licenciement. Il travaillait dans une usine textile et il a été licencié en mars, à cause de la crise.
Depuis il étudie l’informatique et reprend le théâtre.
Il fait partie de ces gens, sans doute nombreux, qu’on n’ a pas le temps d’interviewer, à notre plus grand regret. Comme ce matin, au Centre Culturel, sont passés un membre du Grupo Oficcina Multimédia, et un des initiateurs des projets de mémoire vivante. On sait, à chaque veillée, qu’on passe à côté de plein de gens formidables, mais comment tout faire, et être partout ? On rencontre plein de gens merveilleux, et puis on en rate d’autres. Ça fait chaud au cœur de penser que les gens qu’on rencontre, si généreux, si engagés, si combatifs, ne sont qu’une infime partie de tout ceux qui se battent au quotidien, de tout ceux qui changent le monde, qui changent la vie, ici, à São Bernardo, et partout ailleurs.

à tort et à travers / para todos os lados

A ilha, as ruazinhas e o café-mercadinho verde, e subir em direção à solidariedade, à creche, à avenida, descer até o centro cultural. Podemos desenhar mentalmente um mapa do que conhecemos de São Bernardo, dos caminhos que parcorremos, dos desníveis. Nossas errâncias deixam rastros e marcas. Fazemos um turismo próprio, com nossos aparelhos e câmeras, e principalmente em língua portuguesa que tentamos de todo jeito, para todos os lados, que testamos e na qual engatinhamos. Fazemos nosso máximo para estar aqui como em qualquer outro lugar, simplesmente onde estamos com os encontros que fazemos. Estamos bem, do café verde à casa azul na praça da ilha. A ilha não é uma ilha. O Campo Verde é como uma ilha na ilha. No Centro Cultural, um bebê que veio nos visitar, de colo em colo, cheio de confiança. Estamos bem aqui.
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L’île, les ruelles et le café-épicerie vert, et remonter vers la solidarité, la crèche, l’avenue, redescendre jusqu’au centre culturel. On peut dessiner de tête un plan de ce que l’on connaît de São Bernardo, des chemins que l’on parcoure, les dénivelés. Nos errances strient et sillonnent. On fait un tourisme bien à nous, avec nos appareils et caméras, et surtout avec la langue portugaise qu’on essaie à tour de bras, à tort et à travers, qu’on teste et qu’on tâtonne. On fait au mieux pour être ici comme ailleurs, simplement bien où on est avec les rencontres qu’on fait. On est bien, du café vert à la maison bleue de la place de l’île. L’île n’est pas une île. Le Campo Verde est comme une île dans l’île. Au Centre Culturel, il y a un petit bébé qui est venu nous rendre visite, de bras en bras, en toute confiance. On est bien ici.

33 objets / 33 objetos

17h27, Didier e Flora refizeram a gravação do Godot. Mas ouvimos demais os passarinhos. Amanhã vamos ler os textos. Quer dizer reuní-los para a vigília. E ensaiá-los com os dançarinos e os tradutores. Essa tarde fizemos um « há ». Os pernilongos picam. Restam alguns dias antes da Vigília. A Flora destaca os objetos das pessoas para o filme. 17h50 Tudo é vermelho. O Didier ensaia. O motorista chegou. Discutimos. Contamos o que fazemos e o que haverá no palco do campo de futebol sábado a noite. Ele virá assistir o filme espetáculo. 17h58. Meia hora de estrada até o hotel. 18h Os dançarinos terminaram por hoje. O Howard está pronto para partir. O Charles machucou o pescoço dançando. Encontramos band-aids de arnica. O Didier trouxe imagens das pessoas do bairro falando citações. É muito emocionante. A Martine retoca o som das montagens. 18h04 Partimos.
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17H27, Didier et Flora ont refait l’enregistrement de Godot. Mais on entend trop les oiseaux. Demain donc on va faire les textes. C’est à dire les réunir pour la veillée. Et les répéter avec les danseurs et les traducteurs. Cet après midi on a fait un “il y a”. Les moustiques piquent. Restent quelques jours avant la Veillée. Flora détoure les objets des gens pour le film. 17h50 Tudo é vermelho. Didier répète. Le chauffeur est arrivé. On discute. On raconte ce qu’on fait et ce qu’il y aura sur la scène du terrain de football samedi soir. Il viendra assister au film spectacle. 17h58. Il y a une demi heure de route jusqu’à l’hôtel. 18h Les danseurs ont fini pour aujourd’hui. Howard est prêt à partir. Charles s’est fait mal au cou en dansant. On a trouvé des pansement d’arnica. Didier a ramené des images des gens du quartier qui disent des citations. C’est très émouvant. Martine peaufine le son des montages. 18h04 On rentre.

il y a / Há

Há as Senhoras do tempo no pátio, que cantam e dançam. Há o inverno muito quente. Há o verão em pleno inverno. Há as balas do Marco, de menta e de café. Há os dicionários franco-português em todas as mesas. Há os cantos das igrejas que dão ritmo aos dias. Há o Didier e o Paco nas ruas, que fazer um monte de citações. Há a ilha. Há a areia que levanta com a bola no campo de futebol. Há os cavalos no campo verde, e na beira do rio galinhas. Há o Guy e a Martine que trabalharam este final de semana. Há a errância. Há a Cida que nos guia, e Marie-José, e Veridiane. Há uma sinfonia de vozes de crianças, e as vans. Há as piadas do Didier. Há a fada feijoada, há o Olivier que chegou, faz tempo, e o Pierre. Há os Pés-de-Moleque. Há o Zé. Hpa os dois campos e os dois times de futebol. Há a Eva e seu nariz de palhaço. Há as cores magníficas. Há as cores incríveis. Sobre o azul, sobre o rosa. O momento mais bonito, logo antes das cinco horas. Em Belo Horizonte.
Há as pinturas nos muros. Há a música da van, cotidiana. Há as traduções, os tradutores, o Marco, a Marisa, e lá longe, em São Paulo, o Paulo. Há a previsão do tempo do Guy. Há as oficinas, espalhadas no bairro. Há os levantar de manhã. Há uma rachadura na parede.
Há as subidas e descidas, e as subidas e descidas. As Vígilias é um pouco de Bergmann.
Fazemos um .
Há as danças e os dançarinos. Marise, Mascote, Fábio, Esther, Charles. Há o Howard, super-Howard, maxi-Howard. Há um técnico de televisão. Há um cachorrinho preto no centro cultural, uma grande mangueira e balas nos cantos escuros. Há as crianças que fazem hip-hop. Há aqueles que vêm nos ver, Matteus, Alex. Há o guarda, e sua calma. Há Flora no documentário e Jérémie na ficção. Há o Alberto que tem noventa e seis anos e que fala francês. Há o Didier que faz compras nas lojas do bairro. Há todas essas pessoas que deveríamos ter entrevistado. Há o Ademilson que trabalha na usina e que faz teatro.
Há a toalha das refeições. Há o tempo que passa rápido. Um dia por vez. Dia a dia. Há um projeto de museu de arte popular, no bairro. Há as vontades e as idéias. Há o sonho de uma sala de informática. Mestre conga que canta o tempo todo. Há o prazer de estar aqui.

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Il y a les Senhoras do tempo dans la cour, qui chantent et dansent. Il y a l’hiver très chaud. Il y a l’été en plein hiver. Il y a les bonbons de Marco, à la menthe et au café. Il y a des dictionnaires franco-portugais sur toutes les tables. Il y a les chants des églises qui rythment les journées. Il y a Didier et Paco dans les rues, qui font le plein de citations. Il y a l’île. Il y a du sable soulevé par le ballon sur le terrain de foot. Il y a des chevaux sur le campo verde, et au bord de la rivière des poules. Il y a Guy et Martine qui ont travaillé ce week end. Il y a l’errance. Il y a Cida qui nous guide, et Marie-José, et Veridiane. Il y a une symphonie de voix d’enfants, et les minibus. Il y a les blagues de Didier. Il y a la fée joada, il y a Olivier qui est arrivé, il y a longtemps, et Pierre. Il y a les Pé-de-Moleque. Il y a Zé. Il y a les deux terrains et les deux clubs de foot. il y a Eva et son nez de clown. Il y a des couleurs magnifiques. Les couleurs incroyables. Sur le bleu, sur le rose. Le moment le plus beau, juste avant cinq heures. A Belo Horizonte.
Il y a les peintures sur les murs. Il y a la musique du minibus, quotidienne. Il y a les traductions, les traducteurs, Marco, Marisa, et loin là-bas, à Sao Paulo, Paulo. Il ya la météo de Guy. Il y a les officines, disséminées dans le quartier. Il y a les levers matinaux. Il y a une fissure sur le mur.
Il y a les montées et les descentes, et les montées et les descentes. Les veillées c’est un peu du Bergmann.
Fazemos um Il y a.
Il y a les danses et les danseurs. Marise, Mascote, Fabio, Esther, Charles. Il y a Howard, super-Howard, maxi-Howard. Il y a un réparateur de télé. Il y a un petit chien noir dans le centre culturel, un grand manguier et des bonbons dans les coins sombres. Il y a les enfants qui font du hip hop. Il y a ceux qui viennent nous voir, Matteus, Alex. Il y a le gardien, et son calme. Il y a Flora dans le documentaire et Jérémie dans la fiction. Il y a Alberto qui a quatre vingt seize ans, et qui parle français. Il y a Didier qui a fait le tour des magasins du quartier. Il y a tout ces gens qu’on aurait dû interviewer. Il y a Ademilson qui travaillait à l’usine et qui fait du théâtre.
Il y a la nappe des repas. Il y a le temps qui passe vite. Un jour à la fois. Dia a dia. Il y a un projet de musée d’art populaire, dans le quartier. Il y a des envies et des idées. Il y a le rêve d’une salle d’informatique. Mestre conga qui chante tout le temps. Il y a le plaisir d’être là.

technicien-magicien / técnico-mágico

Fizemos uma pausa de dois dias. Domingo e segunda. E aqui estamos de volta ao bairro, prontos para voltar às ruas, ao encontro das pessoas.
Essa manhã começamos os retratos-citação, bem na frente do centro cultural. Revimos um monte de gente que tínhamos encontrado indo de porta em porta.
Faz muito calor, este inverno. Ainda rimos com a idéia de que é inverno aqui, mesmo fazendo tão quente quanto o nosso verão.
Pierrot, nosso técnico-mágico, acaba de chegar, após um longo périplo. Ele já vai ver o campo de futebol e a Arena do Centro de Cultural Lagoa do Nado.

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On a fait une pause de deux jours. Dimanche et lundi. Et nous revoilà sur le quartier, prêts à retourner dans les rues, à la rencontre des gens.
Ce matin on a commencé par les portraits-citation, juste devant le centre culturel. On a revu plein de gens qu’on avait déjà rencontré au porte à porte.
Il fait très chaud, cet hiver. On s’amuse encore de l’idée que c’est l’hiver, ici, alors qu’il fait aussi chaud, largement aussi chaud que l’été chez nous.
Pierrot, notre technicien-magicien, vient d’arriver, après un long périple. Il va déjà voir le terrain de foot, et puis l’Arena do Centro de Cultura Lagoa do Nado.